Esofagite em quadros de complexo gengivo-estomatite felino: Devemos fazer esofagoscopia?

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Recentemente demonstrou-se haver uma relação entre quadros de esofagite e do complexo gengivo-estomatite felino (CGEF).

Afinal o que é o CGEF?

O CGEF caracteriza-se por uma reação inflamatória gengival intensa, onde a mucosa alveolar, lingual e jugal apresentam lesões de carácter ulcerativo ou úlcero-proliferativo. Essas lesões podem afetar a região da fauce ou arco glossopalatino.

A sua etiologia não está completamente definida. Suspeita-se que resulte da resposta imunitária do paciente a fatores ambientais, genéticos, infecciosos e/ou nutricionais.

Quando foi associada a esofagite ao CGEF?

Em 2017 Kouki et al, apresentou um estudo que envolvia 58 gatos com CGEF e um grupo de controlo com 12 gatos. 98% dos pacientes com CGEF também apresentava esofagite.

O diagnostico foi feito por esofagoscopia e histopatologia e alguns dos pacientes não apresentavam lesões macroscópicas contudo já apresentavam alterações histopatologicas.

É de ressaltar que nenhum dos pacientes apresentava sinais de doença gastrointestinal, porém alguns dos sinais de esofagite podem-se confundir com os do CGEF como: anorexia e hipersialia.

Mas como se justifica a esofagite em casos de CGEF?

Gatos com CGEF tendem a ter a a população microbiana oral desregulada. A hipersalivação que ocorre no complexo gengivo-estomatite felino leva a que a saliva se acumule no esofago proximal.
Essa saliva transporta a microbiota oral desses pacientes. Sendo o esofago imunologicamente ativo, o contacto dessa microbiota com a mucosa esofágica estimula a produção de citokinas proinflamatórias que levam ao aparecimento de quadros de esofagite.

Fazer esofagoscopia é o suficiente para diagnosticar esofagite?

Não, nem todos os pacientes apresentam lesões visíveis por endoscopia, muitos apenas apresentam alterações microscópicas, que apenas podem ser detectadas por histopatologia. Assim sendo devemos sempre fazer biopsias.

O CGEF por si só já é muito desafiante, provoca bastante dor e desconforto aos pacientes. Combinado com um quadro de esofagite esse desconforto é ainda maior, podendo levar a um quadro ainda mais exacerbado de anorexia.
Apesar de ainda ser um tema em investigação, esofagites crónicas podem pré-dispor ao aparecimento de neoplasias esofágicas. Assim sendo devemos sempre tentar investigar e tratar os casos de esofagites associados ao CGEF o mais cedo possível.

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