Endoscopia Veterinária: Protetores gastrointestinais quando utilizar?

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Os protetores gastrointestinais são uma ferramenta valiosa na medicina veterinária. Contudo, é muito importante que o seu uso seja adequado e baseado na evidencia atual.

Em 2018 a ACVIM publicou um consenso sobre o uso dos protetores gastrointestinais e a sua eficácia. Como eles próprios afirmam: “This report challenges the dogma and clinical practice of administering GI protectants for the routine management of gastritis, pancreatitis, hepatic disease, and renal disease in dogs and cats lacking additional risk factors for ulceration or concerns for GI bleeding”.

Afinal em que situações está indicado o uso de protetores gastrointestinais?

Os protetores gastrointestinais devem ser usados APENAS no tratamento de erosões ou ulceras gastroduodenais e em casos de refluxo gastroesofágico.

Não há evidencia da sua acção profilática em casos de:

  • Gastrite não ulcerativa
  • Doença hepática não associada a hemorragia gastrointestinal
  • Doença renal nos estadios de 1 a 3 da IRIS sem gastrite ulcerativa e mesmo no estadio 4 há falta de evidencia
  • Doença pancreática sem gastrite ulcerativa
  • Infecções por Helicobacter
  • Hemorragia induzida por trombocitopenia

A outra questão que se coloca é qual o melhor protetor? Qual devemos escolher?

Atualmente os inibidores de bombas de protão (como o omeprazole e o pantoprazole) são os protetores gastrointestinais mais eficazes no tratamento de ulceras e erosões gastroduodenais e nos casos de refluxo gastroesofágico.
A sua toma a cada 12 horas também se mostrou mais eficaz do que apenas uma vez ao dia.
Assim como a sua absorção é potencializada quando administrado pouco antes de uma refeição ou mesmo junto com a refeição. Isso porque a sua ação não ocorre simplesmente por contato com a mucosa gástrica, ele precisa ser absorvido a nível intestinal para poder realmente atuar.

Quando usado em combinação com antagonistas de receptores de histamine tipo 2 (como a famotidina) pode ter o seu poder de ação reduzido.

Sempre que inibidores de bombas de protão forem prescritos por mais do que 3 semanas nunca se deve suspender a utilização de forma abrupta. Deve-se proceder a um desmame gradual de forma a evitar uma hipersecreção gástrica.

É importante também ressaltar que o seu uso como preventivo de ulceração em pacientes que estão a fazer AINES não está comprovado. Contrariamente ao que se pensava poderá até ter um efeito adverso já que promovem alterações na microbiota intestinal potencializando ainda mais as lesões na mucosa intestinal associadas aos AINES.

Assim sendo devemos ou não usar protetores gastrointestinais após uma endoscopia digestiva alta?

A resposta correta é depende. O procedimento em si não exige a prescrição de protetores contudo os achados durante o exame poderão exigir.

Endoscopias digestivas altas onde se observe alterações compatíveis com esofagite de refluxo, erosões e ulceras gástricas e/ou intestinais tem indicação para o tratamento com protetores gastrointestinais.
Mas se durante o exame não são observadas lesões evidentes não há indicação para tal.

Num futuro as indicações poderão mudar, consoante o aparecimento de novos estudos. Contudo de momento esta é a evidencia atual e sempre que possível devemos atual em concordância com a mesma.

Se quiserem mais detalhes sobre o tema acedam ao consenso da ACVIM.

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