Endoscopia veterinária: Cistoscopia em casos de cistite, quando avançar?

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As infecções do trato urinário inferior, ITU, afetam com alguma frequência os animais de companhia e a cistoscopia pode ter um papel essencial na sua abordagem.
As ITU tendem a ser classificadas como cistites complicadas ou simples contudo essa terminologia não é a mais correta. Essa terminologia é uma extrapolação da medicina humana onde já está identificado uma população especifica com maior tendência a ter cistites simples ou complicadas.
Em 2016 a ISCAID (International Society for Companion Animal Infectious Diseases) lançou novas guidelines para a classificação, diagnóstico e abordagem das cistites.

As cistites podem ser classificadas como:
Cistites bacterianas esporádicas: quando um paciente apresenta menos de 3 episódios por ano, mesmo em pacientes com comorbidades;
Cistites bacterianas recorrentes: quando um paciente apresenta 3 ou mais episódios por ano. É precisamente nas cistites recorrentes que a cistoscopia pode ser importante.

Por norma a investigação de infecções urinárias recorrentes envolve:

  • Exame fisico completo com enfase à região perivulvar e palpação rectal
  • Hemograma
  • Perfil bioquímico completo
  • Urianalise com sedimento
  • Urocultura de amostras obtidas por cistocentese
  • Radiografia abdominal
  • Ecografia abdominal
  • Cistoscopia

Mas em que momento avançamos para a cistoscopia?

Essa é a duvida que sempre se coloca, afinal é um exame mais dispendioso e que implica anestesiar o paciente.
A cistoscopia deve ser sempre feita em casos de cistite bacteriana recorrente onde os exames prévios não permitiram identificar a causa primária.

Que informação extra iremos obter com a cistoscopia?

A cistoscopia permite detetar:

  • Alterações anatómicas
  • Pólipos
  • Neoplasias
  • Urólitos
  • Avaliar ureteres
  • Obter biópsias da mucosa para histopatologia e cultura

É importante ressaltar que estas amostras para culturas são as mais indicadas em caso de cistites bacterianas recorrentes, já que cerca de 24% dos casos com culturas de urina negativas obtém culturas positivas de mucosa.

Quais são as limitações das cistoscopias em gatos?

As cistoscopias podem ser realizadas em gatos sem limitações, existem endoscópios semirigidos adequados até para uretra de gatos machos e mesmo quando esse endoscopio não está disponível, é possível realizar a cistoscopia por laparoscopia ou mesmo uma cistoscopia percutanea.

Antibioterapia antes da cistoscopia está indicado?

Sempre que o objetivo é obter-se biópsias para cultura é preferível que o paciente não esteja a fazer antibioticos. O tempo entre a ultima toma de antibiótico e a cistoscopia varia consoante o tempo de vida do antibiótico em questão.

Outras vantagens da cistoscopia?

Dentro da cistoscopia existe um mundo que pode ser explorado em pequenos animais desde: litotrícia guiada por cistoscopia, correcção de ureteres ectópicos, aplicação local de “bulking agents” para casos de incontinência urinária, colocação de stents e de SUB, remoção de pólipos e mesmo outras massas.

Tem algum paciente com cistites recorrentes? gostaria de discutir o caso? contate-nos

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